Especial: Um pouco da vida de Biguá

Por Tânia Biguá

Fico muito à vontade para escrever sobre Edivaldo Pereira Biguá. Namoramos por 49 anos. Uma vida! E que vida linda que o SENHOR proporcionou a nós! Biguá veio para esta terra chamada São Luís com a missão de fazer muita gente feliz. Chegou em setembro de 1973 e tudo o que construiu foi com dedicação e amor. Deixou a família que tanto amou. Deixou para trás uma história vivida em São Paulo. DEUS deu a ele sua própria família, muitos amigos, irmãos e uma nova história.  Trabalhou mais que muitos. Quando se aposentou, colheu os frutos de todo esforço empreendido no esporte e no jornalismo maranhenses.

A escolha do bem  – Toda essa trajetória de vida começou em 25 de setembro de 1955. Nascia Biguá na cidade de Caruaru/PE. Com pouco mais de quatro anos mudava-se com a família para São Caetano do Sul/SP. Enquanto crescia deparava-se com dois caminhos e uma escolha: a rua, a marginalidade, a derrota ou o esporte, o estudo, a vitória. Queria ser do bem e assim prosseguiu.

Ajudava os pais vendendo o que fosse necessário. Foi engraxate. Passou a treinar basquete a partir dos oito anos de idade. Chegou a ser convocado para a Seleção Brasileira, na categoria mirim (até 12 anos de idade). Paralelo ao basquete experimentou o futebol de campo e o futebol de salão.

O talento aflorou! Aos 14 anos de idade foi levado para o Corinthians. Como era amador, precisou sair do clube para trabalhar e ajudar os pais José Guilhermino e Maria, e os irmãos Nalva, Edinaldo e Edna. Eles enfrentavam dificuldades financeiras em São Caetano. Assim acabava uma carreira, que muitos apostavam que seria promissora.

O gosto pelo esporte só crescia. Topou o desafio de trocar o basquete pelo handebol. E foi através dessa modalidade que se destacou novamente no clube da GM (General Motors). Era dirigido pelo professor Laércio Elias Pereira, que nessa época havia conhecido o Maranhão e recebera a incumbência de retornar a São Luís trazendo com ele mais dois profissionais na área do handebol para ajudar na organização dos primeiros Jogos Escolares Maranhenses (JEMs) em 1973. Biguá foi um deles.

Chegada em São Luís – No dia 15 de setembro de 1973, às vésperas de completar 18 anos de idade, Biguá pisava pela primeira vez em São Luís. Veio para apitar algumas modalidades disputadas nos JEMs. Passou aqui o primeiro de muitos aniversários. No dia 25 de setembro o público que estava no ginásio Costa Rodrigues rendeu-lhe homenagens. Eu dei a ele de presente um chiclete e meu coração.

Uma nova família – Logo aconteceu o namoro que também completou 49 anos. Na família Araújo foi acolhido como um filho pelos sogros João Castelo e Doninha e como um irmão pelos cunhados. O casamento se deu em 17 de dezembro de 1976. E em 03 de janeiro de 1980 nascia nosso único filho, Márcio Biguá, que veio para coroar nosso relacionamento e nos dar novos motivos para sorrir e continuar por aqui, construindo uma vida dedicada ao esporte e ao jornalismo esportivo.

A família aumentou com a chegada de Brena Márcia (a nora), Caio Lucas e Anna Mel (os netos).

Uma carreira – Enquanto atleta Biguá defendeu as seleções maranhenses de basquete, handebol e futsal. Jogou profissionalmente futebol de campo no Sampaio Corrêa e Vitória do Mar. Também foi técnico e coordenador de esportes dos principais colégios de São Luís. Conquistou vários títulos e revelou muitas atletas. Dirigiu várias Seleções Maranhenses em Jogos Escolares Brasileiros e em Campeonatos nacionais.

Entrou no ramo de comunicação social em 1974 como comentarista da Rádio Timbira. A profissão parecia estar em seu DNA. Em 1980 participou da primeira transmissão ao vivo dos JEMs na TV Ribamar.

Como radialista e jornalista esportivo ajudou a divulgar o esporte amador e profissional e a Educação Física em rádios, jornais e TVs.

Grandes coberturas – Nas várias rádios que trabalhou em São Luís ficou marcado como repórter de futebol, que ultrapassou os limites do Estado. Fez coberturas de Campeonatos Estaduais, Brasileiros e Copa América. Na Copa do Mundo no México em 1986, trabalhou na equipe da Rádio Educadora. Entrou para o time dos aposentados em 2014, depois de um bom tempo trabalhando como editor da TV Mirante.

Voleibol – Biguá também foi presidente da Federação Maranhense de Voleibol e diretor de Relações Públicas da Confederação Brasileira de Voleibol. Acompanhou a Seleção Brasileira Juvenil Masculina em vários amistosos pela Europa.  E em 2015, voltou a chefiar outra delegação brasileira, a juvenil feminina, no Mundial em Porto Rico. Como reconhecimento pelos serviços prestados, o amigo Toroca, presidente da CBV, nomeou presidente da Comissão Executiva dos Campeonatos Brasileiros de Seleções. É o que chamamos de reconhecimento em vida.

Títulos – Por serviços prestados foi agraciado com o título de Cidadão de São Luís pela Câmara Municipal. Ainda recebeu a Medalha do Mérito Timbira no Governo de José Reinaldo Tavares.

Servindo a Deus – Como missionário da Convenção Batista Maranhense, esteve servindo na Igreja Batista Vale do Jordão, ao lado de muitos irmãos.

Adeus ao Biguá

“Aceitaremos o bem dado por DEUS, e não o mal?”
Jó 2:10

Desde o final de 2021 a família viveu momentos de muita tribulação com a enfermidade do Biguá. A situação era grave, mas em nenhum dia deixamos de clamar e crer na cura dele.

Quis o SENHOR deixá-lo bem em toda essa espera, sem blasfêmia ou questionamentos. Simplesmente vivíamos um dia de cada vez, cheios de

louvor e gratidão.
Na sexta-feira, 02 de dezembro de 2022, não foi diferente. O quadro do Biguá piorava, mas saímos para o hospital cheios de fé.

Os planos de DEUS são bem diferentes dos nossos. No hospital recebemos a notícia de que o quadro de saúde se agravara e que o fim se aproximava. Mesmo assim ficamos serenos.

O que o Biguá pediu em 12 meses de tratamento foi que não sofresse. E isso se concretizou. Sua partida se deu sem dores, sem alarde, sem sofrimentos. Apenas nós, o Márcio, a Brena e eu, choramos a dor da saudade de perto, acompanhados virtualmente pelos nossos familiares e nossa Igreja Batista. Muitos foram se juntando a nós nesse lamento.

Deixamos de vez um corpo na terra, na certeza de que o espírito do Biguá voltou ao Seu Criador. Nosso consolo é a certeza que um dia toda lágrima será enxugada, quando finalmente nos encontraremos no novo céu reservado para aqueles que creem em CRISTO!

Gratos pelas orações e por todo carinho devotado a nós

É tempo de choro, mas de gratidão também: Primeiramente a DEUS, que proporcionou essa longa jornada em nossas vidas. Agradecimentos ao Maranhão e ao povo desta terra, que acolheram o Biguá como se acolhe um filho, um irmão, um amigo. Obrigado também a você, Biguá, por fazer parte de nossas vidas.

*Tânia Biguá é jornalista, educadora física e esposa de Edivaldo Pereira Biguá.

Fotos: Arquivo pessoal

1 – Biguá no Corinthians Paulista em 1971, antes de vir para o MaranHào em 1973;
2 -Aprendeu a amar o Sampaio, clube que defendeu em várias categorias;
3 – Entrevista com o zagueiro Oscar, da Seleçào Brasileira, Copa do Mundo de 1986, no México;
4 – Ao lado dos amigos Phil Camarão, companheiro de equipe e do professor Laércio Elias Pereira (década de 1970).

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